Tremor Essencial: Quando a cirurgia é uma opção válida?
Postado em: 23/12/2024
O Tremor Essencial (TE) é um dos distúrbios do movimento mais comuns, caracterizado por tremores involuntários que afetam principalmente as mãos, mas que também podem acometer a cabeça, a voz e outras partes do corpo.
Embora seja frequentemente confundido com o tremor associado ao Parkinson, o tremor essencial é uma condição distinta e pode impactar significativamente a qualidade de vida do paciente, especialmente quando avançado.
Enquanto muitas pessoas conseguem gerenciar os sintomas com medicamentos, alguns pacientes não respondem bem ao tratamento clínico, tornando a cirurgia uma alternativa válida.
Continue sua leitura para entender mais detalhes sobre a indicação cirúrgica para essa condição!
O que é o tremor essencial?
O “Tremor Essencial” é um distúrbio neurológico cuja causa está relacionada a disfunções no cerebelo e suas conexões com os sistemas que coordenam o movimento, como os gânglios basais e outras áreas do sistema nervoso central.
As características principais incluem:
- Tremores que pioram com o movimento voluntário (tremor cinético).
- Ausência de outros sintomas neurológicos, como rigidez ou bradicinesia.
- Histórico familiar, em muitos casos, sugerindo um componente genético.
Embora o tremor essencial não seja uma condição progressiva no sentido clássico, os sintomas podem se intensificar com o tempo, dificultando atividades cotidianas, como escrever, comer ou segurar objetos.
Como é o tratamento clínico do tremor essencial?
O manejo inicial do tremor essencial geralmente envolve medicamentos, como:
- Betabloqueadores: Reduzem os tremores em muitos pacientes.
- Anticonvulsivantes: Outra opção que pode ser considerada pelo médico para controlar os sintomas.
- Sedativos ou injeções de toxina botulínica: Utilizados em casos específicos, como tremores de cabeça ou voz.
Apesar das opções clínicas, alguns pacientes apresentam tremores refratários ao tratamento medicamentoso ou efeitos colaterais intoleráveis, o que leva à consideração de alternativas cirúrgicas.
Quando a cirurgia é uma opção válida?
A cirurgia é indicada para pacientes com tremor essencial refratário ao tratamento medicamentoso e/ou que apresentam sintomas graves, interferindo significativamente na qualidade de vida.
Estimulação cerebral profunda (DBS)
A estimulação cerebral profunda (do inglês, Deep Brain Stimulation) é o procedimento cirúrgico mais utilizado para tratar o tremor essencial. Neste procedimento, eletrodos são implantados em regiões específicas no cérebro responsáveis pelo movimento, um exemplo comum é o tálamo (núcleo ventral intermediário), uma região do cérebro envolvida no controle motor, sendo outros alvos também utilizados.
Esses eletrodos são conectados a um gerador de pulsos elétricos, implantado sob a pele, que emite estímulos para modular os sinais cerebrais responsáveis pelos tremores.
o DBS pode proporcionar:
- Redução dos tremores.
- Melhora na coordenação motora.
- Maior independência em atividades diárias.
Ultrassom focalizado de alta intensidade (HIFU) guiado por ressonância magnética
Outra opção menos invasiva para o tremor essencial é o ultrassom focado guiado por ressonância magnética (MRgFUS), que utiliza ondas ultrassônicas para criar uma lesão precisa numa região específica do cérebro.
Esse procedimento é realizado sem necessidade de incisão, tornando-se uma alternativa atraente para alguns pacientes. Técnica em ascensão em várias partes do mundo, o primeiro equipamento está sendo instalado no Brasil em São Paulo.
Quais são os benefícios e riscos da cirurgia?
Embora a cirurgia para tremor essencial apresente altos índices de sucesso, ela não é isenta de riscos.
Possíveis complicações incluem infecções, hemorragias cerebrais ou efeitos colaterais relacionados à estimulação, como alterações na fala ou no equilíbrio.
Por isso, a decisão de realizar a cirurgia deve ser cuidadosamente avaliada por uma equipe médica especializada, levando em consideração os benefícios esperados e os riscos potenciais de acordo com as particularidades de cada paciente.
O tremor essencial, especialmente em casos graves, pode ser debilitante, de forma que a opção cirúrgica, como a estimulação cerebral profunda, podem ser interessantes.
Se você ou alguém próximo sofre com tremores incapacitantes, consultar um neurocirurgião funcional pode ser o primeiro passo para discutir opções de tratamento avançadas. Confira mais informações no meu site ou entre em contato para marcar uma consulta!
Dr. Vítor Hugo Pereira
Neurocirurgião Funcional – Especialista em Dor
CRM-AL: 6520
RQE: 4539 / 4744
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