Pós-DBS: Gerenciando Expectativas e Realidade
Postado em: 11/03/2025
A Estimulação Cerebral Profunda (em inglês: Deep Brain Stimulation, ou DBS) é uma das opções mais avançadas para o tratamento da doença de Parkinson, entre outros distúrbios do movimento e outros tipos de condição.
Esse procedimento pode reduzir os sintomas motores. No entanto, é essencial compreender que o DBS não é uma cura e que os resultados podem variar.
Gerenciar as expectativas no pós-operatório é importante para garantir uma adaptação realista ao novo quadro clínico. Por isso, hoje trouxe algumas considerações importantes para você.
Desejo uma boa leitura!
Expectativas pós-DBS para distúrbios do movimento
Os primeiros dias após a cirurgia
Os primeiros dias após a cirurgia são marcados por um período de recuperação e ajustes.
O paciente pode sentir alguns desconfortos e perceber mudanças nos sintomas motores antes da ativação do dispositivo.
As considerações aqui incluem:
- O período de hospitalização pode durar alguns dias a depender da cirurgia comorbidades e estado físico do paciente;
- Leve inchaço e dor na região da incisão são comuns e controláveis com medicação;
- Os eletrodos implantados ainda não estão ativos logo após a cirurgia, podendo ser religado no dia posterior ou dias após o procedimento; então os sintomas podem permanecer inalterados.
Período de adaptação
Após a cirurgia para implantação do “DBS”, é preciso aguardar a cicatrização completa antes de ativar o neuroestimulador.
Esse período pode gerar ansiedade, pois os benefícios do DBS ainda não são sentidos de imediato.
Ativação do dispositivo e ajustes iniciais
Cerca de duas a quatro semanas após a cirurgia, o dispositivo é ativado e ajustado para otimizar os efeitos no controle dos sintomas.
Esse momento exige paciência, pois os parâmetros serão ajustados gradualmente.
São exemplos de primeiras impressões comuns:
- Muitos pacientes percebem uma melhora inicial, mas ajustes finos são necessários;
- Alguns sintomas podem ser reduzidos rapidamente, enquanto outros exigem mais tempo;
- Ajustes de medicação podem ser necessários mais comumente redução das doses de medicações.
A importância do acompanhamento médico
A regulação da estimulação cerebral é feita ao longo de várias consultas, com ajustes progressivos.
Esse processo é essencial para encontrar o equilíbrio ideal entre eficácia e possíveis efeitos colaterais.
Benefícios esperados e limitações
O DBS pode contribuir significativamente para a qualidade de vida, mas é importante ter expectativas realistas quanto aos seus efeitos.
Cada paciente responde de forma diferente ao tratamento. Os benefícios mais comuns, porém, são:
- Redução de tremores, rigidez e lentidão dos movimentos;
- Menor necessidade de medicação, reduzindo efeitos colaterais;
- Melhora da qualidade do sono e da mobilidade diária.
Já as limitações a se considerar são:
- No caso de condições como o Parkinson, o DBS não interrompe a progressão da doença;
- Alguns sintomas, como dificuldades na fala e no equilíbrio no Parkinson, podem persistir;
- Ajustes contínuos e acompanhamento médico são necessários para manter os resultados.
Efeitos colaterais e adaptação de pacientes com distúrbios do movimento
Embora a DBS seja segura, alguns efeitos colaterais podem ocorrer e precisam ser monitorados para garantir a melhor experiência do paciente.
São exemplos de efeitos temporários ou ajustáveis:
- Formigamento ou sensações anormais em partes do corpo, geralmente durando alguns poucos segundos seguido de melhora;
- Alterações leves de humor ou cognição, como impulsividade ou ansiedade;
- Dificuldades com a fala ou equilíbrio, que podem ser reduzidas com ajustes na estimulação.
Caso o paciente perceba efeitos colaterais persistentes ou piora dos sintomas, deve-se entrar em contato com a equipe médica. Ajustes na programação do dispositivo podem resolver a maioria dos problemas.
Adaptação a longo prazo
Com o tempo, o paciente se ajusta aos benefícios e desafios da DBS, aprendendo a lidar melhor com a nova condição.
Estratégias de reabilitação e hábitos saudáveis podem potencializar os efeitos positivos:
- Reabilitação e fisioterapia: em casos de distúrbios do movimento, exercícios específicos podem melhorar a mobilidade e reduzir riscos de queda.
- Terapia para fala: pode ajudar a minimizar impactos na comunicação.
- Acompanhamento psicológico: pode auxiliar na adaptação emocional à nova realidade.
Hábitos que favorecem os resultados também incluem:
- Manter uma rotina de atividades físicas regulares;
- Seguir rigorosamente as orientações médicas e comparecer às consultas de ajuste;
- Adotar uma alimentação equilibrada para manter a saúde geral.
A cirurgia de DBS é uma ferramenta poderosa para o tratamento da doença de Parkinson e diversas outras condições, mas é importante a combinação entre expectativas realistas e acompanhamento adequado.
Espero que o conteúdo tenha ajudado. Fique à vontade para marcar uma consulta para conversarmos melhor!
Dr. Vítor Hugo Pereira
Neurocirurgião Funcional – Especialista em Dor
CRM-AL: 6520
RQE: 4539 / 4744
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