DBS vs. medicação: O que é mais eficaz para Parkinson?
Postado em: 13/01/2025
O tratamento da Doença de Parkinson precisa ser multidimensional, com a utilização de terapias físicas e funcionais para reabilitação.
Dieta e nutrição adequadas, terapias medicamentosas, acompanhamento psicológico e social são importantes, além de opções como o uso de medicamentos e intervenções cirúrgicas.
No texto abaixo, vou priorizar duas opções de tratamento: a utilização de medicações e o implante de eletrodo para estimulação cerebral profunda (Deep Brain Stimulation, DBS).
A dúvida sobre qual seria a melhor abordagem depende de vários fatores, como estágio da doença, resposta aos medicamentos e perfil de sintomas.
Neste artigo, vou comentar sobre a DBS e o uso de medicações para ajudar pacientes e familiares a compreenderem as opções de tratamento.
Continue a leitura para saber mais!
Como funciona a medicação para Parkinson?
Os medicamentos são a primeira linha de tratamento para a doença de Parkinson.
A maioria das terapias farmacológicas atua aumentando os níveis de dopamina no cérebro ou imitando sua ação, já que a doença reduz significativamente essa substância essencial para o controle motor.
Os principais medicamentos utilizados são:
- Levodopa: converte-se em dopamina no cérebro e reduz sintomas motores.
- Agonistas dopaminérgicos: imitam a ação da dopamina.
- Inibidores da MAO-B e COMT: prolongam os efeitos da dopamina no cérebro, ajudando a manter os sintomas controlados por mais tempo.
Embora eficazes, os medicamentos apresentam limitações com o avanço da doença.
A levodopa, por exemplo, pode causar flutuações motoras e discinesias (movimentos involuntários) após anos de uso contínuo.
O papel da estimulação cerebral profunda (DBS)
A estimulação cerebral profunda — “DBS” — é um procedimento cirúrgico indicado para muitos pacientes que não conseguem mais controlar os sintomas apenas com medicamentos.
Nesse tratamento, eletrodos são implantados em áreas específicas do cérebro, regulando a atividade neural por meio de estímulos elétricos.
Os benefícios do DBS incluem:
- Redução de tremores, rigidez e lentidão dos movimentos.
- Menor necessidade de medicamentos, reduzindo seus efeitos colaterais.
- Melhora da qualidade de vida em pacientes com sintomas motores incapacitantes.
No entanto, a DBS não é indicada para todos os pacientes.
Ela é reservada muitas vezes para aqueles que ainda apresentam alguma resposta aos medicamentos, mas que enfrentam flutuações motoras ou intolerância aos efeitos colaterais.
Qual é a melhor opção de tratamento?
A eficácia de DBS e medicação depende do perfil do paciente e do estágio da doença.
Ambos os métodos desempenham papéis relevantes no manejo do Parkinson:
- Medicação é essencial em todas as fases, controlando bem os sintomas e garantindo qualidade de vida com efeitos colaterais mínimos.
- DBS é mais eficaz em fases avançadas, quando os medicamentos deixam de oferecer um controle tão consistente dos sintomas.
Após a cirurgia de DBS, geralmente consegue-se uma redução no uso das medicações ao longo do tempo, porém a retirada completa das medicações é mais improvável, porém possível durante certo período.
As diretrizes atuais preconizam o implante de eletrodos para estimulação cerebral profunda apenas em casos avançados, porém novas pesquisas estão estudando os resultados em casos mais precoces da doença, inclusive a possibilidade de retardo na evolução da doença.
Portanto, não se trata de escolher entre DBS ou medicação, mas de adaptar o tratamento às necessidades individuais ao longo do tempo, inclusive as duas opções associadas.
Pacientes com doença de Parkinson e familiares devem discutir opções com um neurocirurgião funcional e uma equipe multidisciplinar para determinar o melhor caminho.
Convido você a agendar uma consulta para conversarmos. Estou à disposição!
Dr. Vítor Hugo Pereira
Neurocirurgião Funcional – Especialista em Dor
CRM-AL: 6520
RQE: 4539 / 4744
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