Além do Parkinson: DBS para outras condições neurológicas

Postado em: 04/11/2024

Além do Parkinson DBS para outras condições neurológicas

A Estimulação Cerebral Profunda (DBS) é reconhecida por seu papel no tratamento de sintomas da doença de Parkinson. No entanto, essa técnica pode ser uma solução eficaz para outras condições, como distonia e tremor essencial.

Essa intervenção cirúrgica oferece maior controle dos sinais e possibilita a realização de tarefas cotidianas, ampliando as opções de tratamento para diversos distúrbios neurológicos.

Neste artigo, vou explicar como a cirurgia DBS pode beneficiar esses casos e por que ela vem se consolidando como uma alternativa cada vez mais recomendada. Continue lendo para descobrir como esse procedimento está transformando vidas!

Se você quer saber mais sobre o funcionamento do DBS, click aqui nesse link

Quais distúrbios neurológicos podem ser tratados com o DBS?

Doença de Parkinson

A Estimulação Cerebral Profunda (DBS) é uma técnica eficaz para aliviar os principais sintomas motores da doença de Parkinson, como tremores, rigidez muscular, lentidão dos movimentos e em alguns casos dificuldades para caminhar.

Costumo recomendar o procedimento para pacientes cujos sintomas não estão controlados adequadamente com medicamentos, mas que ainda demonstram alguma resposta positiva ao tratamento.

Embora a maioria dos pacientes continue utilizando medicamentos após o implante do DBS, muitos conseguem reduzir a dosagem, minimizando efeitos colaterais, como a discinesia (movimentos involuntários causados pelo uso prolongado de levodopa).

O DBS não melhora sintomas cognitivos e pode agravá-los em pacientes com sinais de demência. Também não interrompe a progressão da doença, mas proporciona um controle considerável dos sintomas motores, melhorando a qualidade de vida e a independência do paciente.

Distonia

O implante de DBS para o tratamento da distonia, um distúrbio neurológico caracterizado por contrações musculares involuntárias, posturas anormais e movimentos repetitivos, é uma das primeiras opções de tratamento nos casos de distonias generalizadas de caráter genético, podendo ser utilizado como opção para outros tipos de distonias. Esse procedimento tem demonstrado eficácia na redução da gravidade dos sintomas, contribuindo para o bem-estar geral.

Para indivíduos que não alcançaram resultados satisfatórios com injeções de toxina botulínica – frequentemente a primeira linha de tratamento para certas formas de distonia – o DBS pode ser uma opção eficaz e segura. 

Outra indicação seria para os quadros de status distônico (episódio grave de distonia, refratária às medicações usuais e que necessita de internamento do paciente e, por vezes, sedação). 

O tempo de resposta ao tratamento varia: sintomas que migram pelo corpo costumam responder mais rapidamente, enquanto distonias localizadas apresentam melhorias de forma gradual. Em ambos os casos, a DBS contribui para o controle dos sintomas e favorece a execução de atividades diárias.

Tremor essencial

A estimulação cerebral profunda, direcionada ao tálamo, é um método eficiente para controlar os movimentos involuntários característicos do tremor essencial, que geralmente afetam braços, mãos e cabeça. Esse tratamento oferece maior controle dos sintomas, permitindo que os pacientes realizem suas tarefas com mais autonomia.

Epilepsia

Para pacientes com epilepsia focal, em que as crises se originam em uma área específica do cérebro, a Estimulação Cerebral Profunda é uma alternativa eficaz para reduzir o número de convulsões ao longo do tempo. Essa técnica é empregada como terapia complementar, associada a medicamentos antiepiléticos.

O DBS foi aprovado como uma opção para adultos com epilepsia focal que não respondem adequadamente ao tratamento medicamentoso, proporcionando esperança a esses pacientes.

Síndrome de Tourette

Na síndrome de Tourette, caracterizada por tiques vocais e motores, o tratamento inicial normalmente inclui terapia cognitivo-comportamental e, em alguns casos, medicamentos.

Em situações raras, quando os tiques são graves, incontroláveis e comprometem a qualidade de vida, a cirurgia DBS pode ser uma alternativa viável. O procedimento é recomendado principalmente para maiores de 18 anos, mas, em casos altamente selecionados, pode ser sugerido para indivíduos mais jovens.

Após a realização da DBS, é comum observar uma redução dos tiques e melhoria geral nos sintomas. A decisão pela cirurgia é sempre discutida cuidadosamente entre o paciente, o neurocirurgião e o psiquiatra ou psicólogo responsável, garantindo uma avaliação detalhada e personalizada.

Transtorno obsessivo-compulsivo

A estimulação cerebral profunda (DBS, do inglês Deep Brain Stimulation) é uma abordagem terapêutica usada em casos graves e refratários de transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), ou seja, quando os pacientes não respondem adequadamente aos tratamentos convencionais, como Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina (ISRS). Cerca de 10% dos pacientes com TOC são considerados refratários a essas intervenções.

O procedimento envolve a implantação de eletrodos em regiões específicas do cérebro, como o núcleo accumbens ou o núcleo subtalâmico, para modular a atividade neural. Estudos mostram que a DBS é eficaz em reduzir a hiperatividade do circuito córtico-estriado-tálamo-cortical (CETC), que está associado aos sintomas do TOC.

Isso proporciona melhorias significativas na qualidade de vida dos pacientes e na funcionalidade geral. Os resultados são promissores, com redução considerável dos sintomas, medida por escalas como a Yale-Brown Obsessive Compulsive Scale (Y-BOCS).

Embora o DBS seja uma técnica invasiva, ela apresenta vantagens em relação a métodos ablativos irreversíveis, como a capsulotomia, por ser reversível e ajustável. Os efeitos adversos são geralmente leves, sendo a hipomania um dos mais relatados.

Depressão refratária

A depressão refratária é caracterizada pela ausência de resposta satisfatória aos tratamentos convencionais de depressão, mesmo após múltiplas tentativas de intervenção.

Os estudos indicam que o DBS pode oferecer alívio substancial para sintomas depressivos em alguns pacientes. Em um estudo randomizado, a estimulação no VC/VS mostrou taxas promissoras de resposta clínica, com melhora considerável nos escores de depressão, embora a eficácia varie conforme o local do estímulo e as características individuais dos pacientes.

Por ser uma técnica invasiva, o dispositivo DBS é reservado geralmente para casos graves e após falha de intervenções menos invasivas. O procedimento depende altamente de uma seleção criteriosa dos pacientes e de um acompanhamento multidisciplinar rigoroso para otimizar os benefícios e minimizar os riscos.

Se você enfrenta distúrbios neurológicos como distonia, tremor essencial ou outros sintomas incapacitantes, o DBS pode ser a solução ideal. Clique aqui e agende uma consulta comigo, e juntos vamos discutir como essa técnica pode transformar sua saúde neurológica. 

Dr. Vítor Hugo Pereira
Neurocirurgião Funcional – Especialista em Dor
CRM-AL: 6520
RQE: 4539 / 4744

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