Entendendo a cirurgia de Parkinson: É a escolha certa para você?
Postado em: 14/10/2024
A Cirurgia para Parkinson geralmente é indicada para pacientes que não apresentam mais a resposta esperada com os medicamentos ou aqueles que apresentam intolerância às medicações. Essa técnica é eficaz no controle de tremores e rigidez muscular, proporcionando melhoria significativa na qualidade de vida.O procedimento consiste na implantação de eletrodos em áreas profundas do cérebro, (implante de eletrodo cerebral profundo – DBS) que enviam estímulos elétricos controlados para regular as funções motoras.
Embora o DBS não seja uma cura para a doença de Parkinson, promove melhora muitas vezes significativa dos sintomas, além de permitir ajustes precisos ao longo do tempo, atendendo às necessidades de cada paciente.
Neste artigo, vou explicar como a cirurgia é feita, quem é o candidato ideal e o que esperar do processo. Continue lendo para descobrir se a DBS pode ser a solução para o seu caso!
Avaliação pré-operatória: quem é o candidato apropriado?
Antes de sugerir a Estimulação Cerebral Profunda (DBS) para o tratamento da Doença de Parkinson, realizo uma avaliação criteriosa para determinar se o paciente é um bom candidato. Essa análise é essencial para o sucesso do procedimento.
Examino o histórico clínico do paciente, solicito exames de imagem, como ressonância magnética, e avalio os sintomas de forma detalhada.
A cirurgia DBS é recomendada para pacientes com tremores, rigidez muscular ou lentidão nos movimentos, cujos medicamentos já não oferecem o controle esperado, mas que ainda apresentam alguma resposta parcial ao tratamento. Critérios de inclusão e exclusão são aplicados. Pacientes que respondem bem ao uso da levodopa tendem a ter boa resposta à implantação do DBS.
Planejamento
Após confirmar a indicação da DBS, realizo um mapeamento cerebral, uma etapa fundamental para o sucesso do procedimento. Utilizo exames de imagem, como tomografia computadorizada e ressonância magnética, para identificar as áreas do cérebro onde os eletrodos serão implantados.
Após a fusão de imagens em um software específico, é possível localizar estruturas responsáveis pelo controle motor e planejar o alvo e a trajetória por onde irão passar os eletrodos.
O dia da cirurgia: etapas do procedimento
No dia da cirurgia, sigo um protocolo rigoroso para assegurar precisão e segurança em cada etapa do procedimento. O paciente precisa suspender as medicações no dia anterior para observarmos o real efeito da cirurgia e ajudar no encontro do melhor ponto para implante dos eletrodos.
Aqui estão as principais fases:
1. Implante do halo: colocação de um arco estereotáxico na cabeça do paciente. O arco é fundamental para conseguirmos a precisão milimétrica do alvo e trajeto desejados. Em seguida,o paciente é encaminhado à tomografia e é realizado o exame com o halo estereotáxico e, utilizando softwares avançados para criar um mapa do cérebro, obtemos coordenadas e visões para o correto implante dos eletrodos.
2. Confirmação das imagens: antes de iniciar o procedimento, cruzo as imagens obtidas na tomografia com as da ressonância magnética para verificar se há vasos sanguíneos no trajeto que será perfurado para a colocação dos eletrodos, minimizando o risco de complicações.3. Determinação do local: o alvo pode ser determinado através de coordenadas cartesianas ou visualização direta, podendo-se utilizar uma combinação dos dois. O alvo mais comum é o núcleo subtalâmico (STN), mas outras estruturas cerebrais podem ser estimuladas como o globo pálido interno (GPi) ou o núcleo ventro-intermédio do tálamo (Vim).
Imagem extraída do artigo A Single DBS-Lead to Stimulate the Thalamus and Subthalamus: Two-Story Targets for Tremor Disorders DOI=10.3389/fnhum.2022.790942
4. Execução na sala de cirurgia: durante a intervenção, o paciente permanece acordado sob anestesia local e sedação, com o arco estereotáxico fixado à cabeça. Realizo duas pequenas incisões de cerca de quatro centímetros na parte frontal da cabeça e faço dois furos precisos no crânio.
5. Testes durante a cirurgia: posiciono um eletrodo no cérebro para avaliar a resposta imediata, como a redução dos tremores. Essa etapa é essencial para ajustar a localização e confirmar a eficácia do procedimento. Caso a resposta não seja a ideal, modificamos o alvo e realizamos um novo teste.
6. Fixação dos eletrodos: após a validação do teste, o sistema é fixado no ponto de melhor resposta.
7. Implante do gerador: na última etapa, com o paciente sob anestesia geral, implanto um pequeno gerador abaixo da clavícula, semelhante a um marca-passo. Esse dispositivo é responsável por enviar pulsos elétricos ao cérebro, controlando os sintomas de forma contínua.
O procedimento dura, em média, de três a seis horas e possui alta precisão, garantindo segurança e resultados satisfatórios.
Pós-operatório: ajustes e acompanhamento
Após a cirurgia de estimulação cerebral, o paciente passa por uma fase de recuperação em que ajusto os parâmetros do dispositivo para alcançar a melhor resposta ao tratamento.
Esses ajustes são graduais e realizados ao longo de semanas ou meses, o que possibilita que o sistema se adapte às necessidades específicas de cada pessoa.
O acompanhamento contínuo com um neurocirurgião especializado é imprescindível. Esse profissional monitora os sintomas e ajusta as medicações, complementando o controle oferecido pela DBS. Essa abordagem integrada permite um tratamento otimizado ao longo do tempo.
Se você deseja obter mais informações sobre a cirurgia para doença de Parkinson ou o período pós-operatório, entre em contato comigo. Estou à disposição para esclarecer suas dúvidas.
Benefícios e considerações da cirurgia para Parkinson
A Estimulação Cerebral Profunda é uma das opções mais eficazes para tratar a doença de Parkinson em estágios avançados. Entre os benefícios, destaco:
- Melhora na rigidez muscular, tremores e lentidão dos movimentos;
- Redução da dependência de medicamentos e seus efeitos colaterais;
- Ajustes personalizados para controle otimizado dos sintomas;
- Diminuição dos períodos OFF (momentos de travamento);
- Redução das discinesias (movimentos involuntários e descontrolados);
- Aumento da qualidade de vida do paciente e de sua família.
Embora eficaz, a cirurgia de DBS não é uma cura. Ela envolve riscos, como infecções e possíveis efeitos colaterais relacionados à cognição ou à fala. Por isso, a decisão deve ser tomada com cautela e após avaliação detalhada com um neurocirurgião funcional.
Se você está avaliando a cirurgia para a doença de Parkinson, agende uma consulta comigo. Juntos, vamos analisar suas opções e buscar o melhor caminho para sua qualidade de vida.
Dr. Vítor Hugo Pereira
Neurocirurgião Funcional – Especialista em Dor
CRM-AL: 6520
RQE: 4539 / 4744
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